O carinho com os filhos é algo natural e inevitável. Mas às vezes esse afeto não mede limites e, infelizmente, pode não ser uma boa ideia tanto para a saúde física quanto para o emocional da criança. É comum ver pais, mães, tios e avós que beijam as crianças na boca, com o chamado “estalinho”. Por mais que seja uma demonstração de afeto inocente, essa prática não é recomendada por médicos e especialistas.
As famílias costumam se dividir quando o assunto é colocado em pauta. Há quem não veja problema algum, justamente por ser uma pura demonstração de carinho. E outros podem chegar a considerar nojento ou inadequado socialmente. Conversamos com a Dra. Natasha Slhessarenko, pediatra do Laboratório Lavoisier Medicina Diagnóstica, para esclarecer essa questão. Ela afirma que não é indicado beijar as crianças na boca, e que se deve optar por outras formas de demonstração de amor e carinho, como o colo e o afago, por dois aspectos principais: o comportamental e a saúde. ( Veja como limpar a boca do bebê antes de nascer os dentinhos).
Do ponto de vista físico
O contato muito próximo com a boca e a saliva de um adulto pode transmitir bactérias, vírus, micoses e outras doenças inoportunas em um organismo que ainda está desenvolvendo sua imunidade. Assim como não é recomendado usar os mesmos talheres dos bebês nas refeições ou assoprar a comida muito perto, também o beijo na boca não é indicado por ser um transmissor de doenças. (Veja: Como higienizar a boca do bebê).
“Beijar na boca das crianças pode passar doenças como a mononucleose infecciosa, também conhecida como ‘doença do beijo’, causada pelo vírus de Epstein bar, além de outras doenças virais como o herpes simples, doenças causadas por bactérias (como a própria cárie) e fungos (cândida). Ainda não há consenso, mas até a bactéria da úlcera, Helicobacter pilory, poderia ser transmitida pelo beijo”, detalha a Dra. Natasha Slhessarenko.
Do ponto de vista comportamental
Além dos perigos para a saúde, o ponto mais polêmico de beijar os filhos na boca é de ordem social. De acordo com especialistas, essa demonstração de afeto pode causar confusão na criança de até que ponto o carinho pode chegar. Beijar os pais na boca poderia influenciar a criança a fazer o mesmo com outras pessoas do seu convívio, como um amiguinho da escola, e isso poderia ser mal visto ou considerado muito sexual. Outros acreditam que o contexto da relação é que faz a diferença. O que todos concordam é que o beijo na boca é um gesto relacionado às relações românticas e que em algum momento poderá trazer confusão.
A pediatra Natasha Slhessarenko esclarece: “O beijo na boca é uma forma de manifestação de carinho entre casais e não deve ser estimulada entre pais e filhos. Quando a criança é ainda um bebê as consequências psicológicas podem até não existir, mas depois de certa idade pode haver confusão na cabeça das crianças por ser a boca uma zona erógena. Como as crianças agem muito pelo exemplo, crianças que são beijadas na boca por seus pais podem querer beijar a boca de seus colegas na escola, por considerarem expressão de carinho, e isto pode ser interpretado de maneira equivocada e causar mal estar entre as crianças”.
Questões comportamentais variam de acordo com a cultura de cada pessoa ou família. Por isso nada é regra no que diz respeito à relação carinhosa entre pais e filhos. Do ponto de vista médico, o beijo na boca pode oferecer riscos à saúde, fazendo com que esse gesto não seja recomendado visando o bem da criança.
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