“Pari dentro do carro a caminho do hospital”

Veja o depoimento de uma mãe que passou pela aventura de ter um filho dentro de um carro a caminho do hospital.

“Ao completar quarenta semanas, fui dormir, pensando: ‘mais um dia e nada da Maitê chegar’. Na manhã seguinte, às 6:58 da manhã, acordei com os olhos arregalados e falei ao meu marido Bruno: ‘é a dor!’.

Estava me referindo a dor que eu senti no parto do meu primogênito, Pedro. Fiquei imediatamente aflita, porque na primeira gestação fiquei presa num trânsito com nove de dilatação e não queria passar por aquele apuro novamente. Mal sabia eu que a aventura seria ainda maior!

Fui ao banheiro com essa aflição e, ao mesmo tempo, pensando que eu queria me maquiar e colocar a camisola linda que eu havia comprado. Meu marido ligou para a minha obstetriz Ana Garbulho e começou as contar as contrações por meio do aplicativo.


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Estava com um intervalo de quatro minutos! Na hora eu disse: ‘chama a polícia’. Meu marido achou que eu estava louca. É que eu não completei a frase, mas queria dizer que a gente precisaria de uma escolta policial para chegar a tempo no hospital. Sem saber, minha obstetriz já tinha acionado a polícia para isso.

Escolta

Entre um contração e outra, consegui escovar os dentes e me olhei no espelho. Estava branca e pensei: ‘nada de maquiagem de novo, mas a lingerie, eu faço questão’.

A obstetriz estava num evento e sem o material de trabalho, mas conseguiu chegar em casa a tempo. Quando desci as escadas pronta para sair, veio uma contração fortíssima. Ela me examinou e, para não me apavorar, não mencionou o grau de dilatação, mas foi bem firme: precisamos sair já para o hospital.

Dentro do carro, eu mordia o banco de couro do meu marido, tamanhas eram as dores. A Ana estava atrás de mim e eu com os pés no banco do carro. Sem saber, um comandante da polícia, fora de serviço, notou o pisca-alerta e a correria no nosso carro e começou a nos seguir.

Depois, mais tarde, soube que a escolta tinha chegado em casa, mas eu já havia partido. Dez minutos depois, veio uma dor intensa e a bolsa estourou. A Ana pediu para parar o carro imediatamente e anunciou: ‘o bebê vai nascer’.


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Paramos numa entrada do jardim zoológico de São Paulo. Quando o Bruno saiu do carro e abriu a porta para me ajudar, ele viu a cabeça da Maytê coroando. A Ana continuava atrás de mim e o meu marido teria a missão de pegar o bebê. Enquanto isso, o comandante que nos seguiu se aproximou e perguntou se estava acontecendo alguma coisa. Quando ele viu a cena, gritou: ‘Meu Deus! Quer que eu chame a polícia?’ E saiu correndo para buscar ajuda.

Calma

Já o meu marido estava supercalmo. Comecei a fazer força e na segunda contração e em menos de cinco minutos, eu pari dentro do carro. A obstetriz ainda conseguiu gravar um pouco do parto com o celular e perguntou ao comandante o horário, para ter o registro correto do nascimento. O Bruno pegou o bebê nos braços, eu me sentei e já dei de mamar para ela na hora, mesmo com o cordão umbilical preso ao meu corpo.

Quando eu conto a história, todo mundo fala: ‘como assim, no carro? Que loucura, vocês devem ter ficado apavorados!’ Mas passado o episódio, não sentimos essa adrenalina que as pessoas imaginam. Eu parecia que estava em transe e foi tudo no instinto.

Durante o parto, não dá para sentir medo, fiz o que minha intuição mandou. Meu marido ficou calmo o tempo todo. A gente fez o que tinha que ser feito, não dava tempo de se apavorar. Ninguém usou sequer uma luva e deu tudo certo! Foi muito amor naquele momento.

Na verdade, eu nem fiquei surpresa em ter um bebê no carro. Fiquei superaliviada e feliz de tudo ter sido tão rápido. A primeira coisa que eu pensei foi: ‘ufa, foi rápido, que alívio’. O parto natural é uma experiência maravilhosa, porque é o melhor para a criança e a mulher, mas eu não tenho aquela ideia romântica.

O processo expulsivo do meu primeiro parto foi longo, cansativo, dolorido e, para completar, a anestesia não pegou. Foi um grande sufoco e temia passar por aquela experiência novamente. Mas, quer saber, a gente esquece tudo quando o bebê vem para os braços…

Hospital

Depois de alguns minutos, chegou a ambulância e a polícia que o comandante havia chamado. Resolvi seguir para o Hospital São Luiz no meu carro, mesmo, e fui escoltada pela viatura, enquanto a Maitê mamava feliz, sem parar. Chegando lá, a obstetra e a equipe estavam me aguardando e parecia cena de filme. Todo mundo ao meu redor e só ouvia: ‘meu Deus, nasceu no carro”.

Meu marido cortou o cordão umbilical e a médica cuidou da saída da minha placenta, que aliás, por sorte, não saiu no carro. Senão, o meu marido precisaria trocar o banco, tamanha a quantidade de sangue que saiu.

No hospital, meu marido já tinha mandado foto no grupo de WhatsApp da família e todo mundo estava louco para saber detalhes da aventura. E quando a gente vai contar a história, é sempre a mesma reação: ‘como assim, pariu no carro?’


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